tag:blogger.com,1999:blog-25819496251034155092024-02-19T02:34:00.308-08:00Blog da Maria Luzia VillelaTextos literários, Contos, Poesias, Minicontos, Crônicas.Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.comBlogger12125tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-35994237708407259862013-03-23T17:32:00.002-07:002013-03-23T17:32:23.264-07:00MÃES
* Maria Luzia Villela<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Coisa boa para comer era rara. <br />
<br />
Nica ouvia contar do farturão que a família desfrutava no tempo em que viviam
na roça. Leite de vaca e cabra à vontade, queijos manteiga, frutas do pomar e
do cerrado. Gabirobas. Este nome guardara: um dia comeria essa fruta. Cana
caiana...<br />
<br />
Havia uma touceira dessa cana plantada no quintal, de vez em quando a mãe
descascava uma e cortava em toretes de cinco centímetros e estes em quatro
palitos. Eram mastigados até se transformarem em ásperos bagaços, sem sabor. Na
trabalhosa mastigação o caldo docinho escapava um pouco pelo canto da boca.
Muito bom. <br />
<br />
No pequeno quintal da cidade a mãe fazia milagre. Plantava verduras num trecho
cercado e milho ao longo das cercas. Assim Nica pôde conhecer o sabor do curau
e o do milho verde assado no borralho. Que borralho, ali na casa da cidade,
havia: tanto no quintal, na armação de tijolos para ferver roupa, como no fogão
à lenha. Outro cercadinho abrigava oito galinhas e um galo. Ovo era a mistura
principal e por isso o galo era quase dispensável, pois ovos para chocar... Só
de longe em longe. No ninho havia um ovo de madeira, o indez, para estimular as
galinhas à botação. <br />
<br />
Lá de vez em quando, a mãe ia guardando um ovo por dia até juntar doze e então
punha galinha para chocar e uma ninhada de pintinhos vinha a movimentar o
quintal. A galinha mãe, ciscando daqui e dali, dava migalhas quase invisíveis
aos seus pintinhos; às vezes puxava uma longa minhoca para eles. Tinha que
defendê-la contra a gula do galo e das outras galinhas. Assim os pintinhos,
como ela, só contavam com a mãe. Galo, pai desnaturado... <br />
<br />
Com ela, pior! Pai nem havia em casa....<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-24973942697012643402013-03-23T17:27:00.004-07:002013-03-23T17:27:40.347-07:00AÇÚCAR MASCAVO<br />
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<span style="font-family: verdana;"><div class="post-body entry-content" itemprop="description articleBody" style="text-align: justify;">
<em><em>Maria Luzia Villela</em></em><br /><br />Era bem cedo. Nica tinha ainda remelas nos olhos, sequer fora escovar os dentes. A prosaria que ouviu arrancou-a da cama. Cheia de curiosidade chegou à porta com os olhinhos vivos, debaixo de sobrancelhas bem curvas que até pareciam pontos de interrogação deitados na testa.<br /><br />Viu chegar uma estranha saca cheia de estranha substância. Eram pobres e pela expressão alegre da mãe pôde perceber que era algo muito bom. A saca foi posta no quartinho de despejo: um puxado de madeira arrimado na parede da pequena casa.<br /><br />Esperou os homens partirem debaixo de muitas expressões de gratidão da mãe para poder indagar:<br /><br />- Qu’isso, mãe?<br /><br />- É açúcar preto, filha! Assim a gente fala na roça, aqui na cidade é chamado açúcar mascavo Prova um pouquinho.<br /><br />Provou, mas não gostou muito, era doce, mas de gosto esquisito para quem só experimentara açúcar branco. A fisionomia da menina, torcendo o nariz fez a mãe rir e dizer:<br /><br />- Peraí , menina, que você vai ver quanta coisa boa a mãe vai fazer com esse açúcar!<br /><br />E foi assim que depois do almoço a mãe lhe apresentou o “puxa-puxa”. E, apertando mais o ponto do melado, os pirulitos. A mãe prometeu bater melado com farinha à noite. A menina mal podia esperar que anoitecesse. Devia ser muito bom.<br /><br />A toda hora Nica ia ver a saca que porejava uma substância viscosa: o açúcar sensível ao calorão da tarde. As abelhas haviam descoberto o filão e enxameavam ao redor da saca, pousavam, metiam a trombinha e levantavam vôo. Fascinada acompanhava as abelhas com os olhos. Devagarinho estendeu a mão sobre a saca de açúcar, deixando-a imóvel. Um convite para que as abelhas pousassem e repousassem.<br /><br />- Mãe, vem ver quanta abelha! Elas passam pelos vãos das tábuas!<br /><br />- Deixe, filha, o açúcar dá para nós e para elas. Tome cuidado, que a picada de abelha dói.<br /><br />- Elas são mansinhas. Não picam não! Mãe, vem ver. Tem uma que é tão mansinha que é minha amiga.. Olhe, mãe, ela senta na minha mão! Vou alisar a costinha dela. Ai, mãe, ai ai! sopra, mãe! Sopra...<br /></div>
</span>Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-85482734491934859322013-03-23T17:26:00.003-07:002013-03-23T17:26:29.267-07:00O ROMANTISMO DAS CRENDICES<br />
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<div class="post-body entry-content" itemprop="description articleBody" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: verdana;"><em>Maria Luzia Villela</em><br /><br />Crendices populares revestem-se de encanto e romance..<br />Nasceu-te uma criança? A primeira unha que cortares coloca no tinteiro de uma pessoa culta e ela será escritora!<br /><br />Nasceu menina? Enterra seu cordão umbilical sob uma roseira e ela será linda! Foi menino ? Enterra o “umbigo” sob uma árvore alta, e grossa e ele será alto e forte. Se tu és um cantor frustrado e sonhas com as glórias do palco para teu filho, procura uma porteira, destas que “cantam”, e sob ela planta o umbigo. O rebento será cantor.<br /><br />Tudo lindo. Os pais “podendo” mexer no destino dos filhos, “dando” a eles o que pensam ser o melhor. Assim só teríamos: moças belas, rapazes cantadores (não nesse sentido ...), robustos e altos . E, todos bem voltados para as letras.<br /><br />Mas vem o devastador progresso, destruindo o romantismo das crendices.<br /><br />Onde estão os tinteiros nos quais, molham as penas os intelectuais? Como enfiar unhas, nas cargas já preparadas das canetas atuais? E que são descartáveis! Veja lá, unhas do bebê nos lixões! Nunca!<br /><br />E na cidade grande onde achar porteira rangedeira? Jardim com roseiras? Tão raros! Dá para achar vasos com rosas miúdas... mas só bonitinha / vai ser a mocinha!<br /><br />Árvores grandes? Há nos bosques municipais... Trabalhoso, mas pelo filho qualquer sacrifício vale, mas o que adianta se o ar poluído, pelo forte trânsito, gera esta bronquite no bebê?<br /><br />E os cordões umbilicais, pelo jeito, têm novo destino. Estão a ganhar perenização nos bancos de congelamento. “Criada em setembro de 2001, a rede de bancos públicos de sangue de cordões umbilicais e placentários (BrasilCord) possui hoje dois bancos em funcionamento, o do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, e o do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Este segundo coordena a implantação dos bancos no Estado de São Paulo que aguardam algumas liberações federais para coletar o material: o do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)... Atualmente o Inca possui 1.200 cordões armazenados. O banco do Albert Einstein contém 1.100.” (Internet) . A meta imediata é chegar aos 20.000.<br /><br />Se crendice valesse, friorentos - encapotados em pleno verão - deveriam ser os jovens cujos cordões foram congelados! Mamãe pôs minha unha no tinteiro de meu tio Francisco, médico, e eu não me tornei médica.<br /><br />Crendice não nos vale . Só Deus. </span></div>
Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-28988292799623941482013-03-23T17:25:00.003-07:002013-03-23T17:25:21.159-07:00BOA PERGUNTA ?<br />
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<div class="post-body entry-content" itemprop="description articleBody" style="text-align: justify;">
<em><span style="font-family: verdana;">Maria Luzia Villela</span></em><br /><span style="font-family: verdana;"><br />Mariana entrou na sala como um alegre cântico:<br />- Vó, vozinha!<br />Olhei-a com olhos de coruja que acha seus pimpolhos os mais belos; completei com ouvido preparado para vozes doces como sonatas ao luar. Vó é para isso!<br />- Oi, filhota! Vou pôr o computador em espera, para a gente conversar.<br />- Ia entrar na Internet?<br />- Não. Vou escrever uma crônica para ENTRELINHAS. O Consa tirou férias.<br />- Que é Crônica? Já ouvi falar muitas vezes, mas não sei que bicho é esse.<br />Na mesma hora, pôs a mão na boca, temia ter menosprezado o meu trabalho. Fingi não ouvir, procurei ser bem simples para esclarecer a um jovem espírito curioso:<br />- Crônica é algo que se escreve para jornal ou revista, ocupando sempre o mesmo espaço e lugar . O escritor é sempre o mesmo que agrada, distrai e às vezes até informa, criando um vínculo entre o escritor e o leitor que, logo ao abrir o Jornal, vai ver o que seu cronista predileto produziu.<br />-Vó, que é vínculo? (Não estaria eu sendo simples?!)<br />- É uma ligação, um laço.<br />- Tá bom! Esse nome- crônica- é engraçado! De onde saiu?<br />- Mariana: os povos antigos tinham muitos deuses, sempre cruéis e com defeitos humanos sublimados ou seja - aumentados ao máximo. Um deus grego chamado Cronos, que quer dizer Tempo, devorava os próprios filhos! Cícero, um homem notável da Roma antiga, explicava que isso era uma figura: o Tempo não só devora os anos, mas também todos que passam por eles. Os romanos deram a esse deus o nome de Saturno. E Júpiter, principal deus romano, o acorrentou, submetendo-o ao curso dos astros. Por isso os romanos tinham a estátua de Saturno amarrada com cadeias e só as tiravam nas Saturnais, dias de festa desse deus, em dezembro.<br />-Ái, vó! Falou bastante, mas e daí? Porque a crônica tomou esse nome?<br />- Falha nossa! É que a crônica tem aspecto passageiro, uma hoje, outra amanhã... Deve abordar assuntos da época, ou assuntos que, apesar de antigos, se ligam de alguma forma ao tempo em que a crônica é escrita . Pode ser filosófica, pois os homens pensam, indagam sempre as mesmas coisas em todos os tempos; pode ser lírica pois o olhar mágico do poeta pode, em certos momentos, estar em qualquer pessoa; pode ser descritiva ou seja viva como fotografia, e dinâmica como um filme; pode ser narrativa contando fatos da época, buscando inferências noutros tempos...<br />-Vó!<br />- Que foi?<br />- É ruuuim! Já sei que presente eu vou te dar!<br />- O que será ? Ardo de curiosidade!<br />- Depois dessa tal de inferência! Vô te contar...! Vou dar um dicionário para a senhora achar palavras simples!<br />Valha-me Deus! Essa juventude...Eu? Tão simples!!! </span></div>
Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-41796751985802956742013-03-23T17:23:00.001-07:002013-03-23T17:23:09.523-07:00CONVERSA QUE NÃO HOUVE<div style="text-align: justify;">
<strong><em>Maria Luzia Villela <br /></em></strong>Flávio era lerdo para escrever, suas cartas, parecia a Ester, demoravam séculos para chegar. Quando, enfim, ela as recebia, sua boca secava-se, coração disparava, tremia-se toda. Era paixão, amor, loucura. Em fins de semana prolongados Flávio vinha até Rio Claro e amavam-se como doidos. Suprimento de espera.<br /><br />Marcou-a aquele dia em que Neuza, moça da sua vizinhança, frequentadora da mesma faculdade de Flávio, em Sorocaba, disse-lhe:<br /><br />- Tenha cautela, Ester, já vi, por três vezes, seu namorado com a mesma moça tomando o ônibus. Estou certa de que tem outra namorada lá.<br /><br />Deus! Seu mundo desmoronou-se. Sentia-se dele, ele jurava ser dela. Traição, pânico, ódio, dor... O quê? A demora das cartas seria sintoma?<br /><br />Não esperou receber a dispensa, dispensou: “Não venha me ver, não o amo mais.”<br />E a carta foi pelo correio como uma espada bifurcando o caminho... Casou –se, ela; anos depois, ele.<br /><br />De coração, ela pertenceu a Flávio, toda sua vida. Às vezes pensava: “E se tivéssemos conversado sobre o assunto?” Haveria mesmo a outra? Fora com ela que ele se casara? De repente, sentia que nela não deviam caber tais indagações, pois...<br /><br />Que importa... ? Era seguir a vida e ser boa esposa.<br /><br />Indagações teimosas...</div>
Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-38619008605880994962013-03-23T17:21:00.003-07:002013-03-23T17:21:31.029-07:00MOTORISTA E ECONOMISTA<div style="text-align: justify;">
<strong>* Maria Luzia Villela<br /></strong>O economista era surdo. O longo convívio com Melquíades, seu motorista, nas demoradas e contínuas viagens, havia quebrado as barreiras convencionais entre eles. Melquíades sentia-se à vontade para expor suas opiniões.<br /><br />- Pois é, doutor! Eu quando fui, pelas primeiras vezes, na Vinte e Cinco de Março, ficava pensando: Meu Deus, esse povão come pelo menos duas vezes por dia! De onde vem comida para todos? Era rua e rua até chegar ao subúrbio! Fora da cidade, eu só via poucas hortas, muitas fábricas e enormes plantações de pínus e de eucalipto e nada de roça! Então fiquei sabendo que o Brasil produzia 80% dos alimentos, mas o que me espantou foi saber que os 20% restantes entravam mais baratos do que os plantados aqui! Então, eu vi que era melhor importar 100% dos alimentos! Como o governo não via, se eu que sou homem simples percebi? O povo poderia comer melhor e mais barato! Porque o governo não faz isso? Devia fazer. Não é mesmo, doutor?<br /><br />O economista surdo só balançava a cabeça para frente e para trás, em cochilos parecendo aprovação. A esposa dele, que ouvia até tique-taque de relógio de pulso, sentada no banco de trás não se conteve:<br /><br />- Melquíades, está falando um absurdo! O certo é o governo criar maneiras de estimular a produção, todos países subvencionam sua produção agrícola e gritam para que os outros não façam o mesmo. O negócio é exportar e não importar!<br /><br />- Dona Lea, a senhora tá por fora! E não é só alimento que é mais barato quando importado. Tudo é mais barato. Tem mais é que se importar tudo! Né mesmo doutor?<br /><br /> Novos balanços surdo-cochilosos de cabeça. <br /><br />-Tá vendo, dona Lea? Aprendi muito andando com o doutor! Mas tenho também minha cabeça para pensar!<br /><br />- Melquíades, acho que é desgaste tentar rebater tais absurdos!<br /><br />- Dona Lea, a senhora me desculpe, mas não é absurdo. Veja se tem cabimento: O nosso petróleo custa oito dólares o barril para ser tirado e levado para a refinaria, por que nossa gasolina e nosso diesel custam tão caro por litro? Imagine, cada três litros de gasolina paga um barril! <br /><br />- Tem dó, Melquiades! A Petrobrás é empresa e o petróleo dela tem que valer o quanto custa o petróleo no mundo. Se não for assim para que refinar? Melhor vender bruto a sessenta ou setenta ou sabe lá Deus quantos dólares o barril!<br /><br />- A senhora se engana. Não pode ser assim. Sabe que na Bolívia o litro de gasolina, hoje, está a R$ 1,30? O povo paga pouco pelo combustível! Fala a verdade: Não é melhor que entre aqui por esse preço? Não é melhor importar tudo?<br /><br />- Bem, vou concordar se você me esclarecer uma coisa: o país que nada produz, nada exporta, onde arranja dinheiro para comprar?<br /><br />- Ué! Fácil ! O governo emite.<br /><br />- Brilhante! Melquíades, se o Lula o chamar para ministro da fazenda, aceite. O Brasil estará salvo! <br /><br />- E não é mesmo, dona Lea? Eu sabia que a senhora era inteligente e ia perceber...<br /><br />Vejam: taí a salvação do Brasil!<br /><br /><em>PS: As referências numéricas e o teor das idéias são de responsabilidade total de Melquíades. A ele os créditos.</em> </div>
Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-26612852241505036672013-03-23T17:20:00.003-07:002013-03-23T17:20:20.009-07:00JOVEM BARDO I - JOVEM BARDO <br /><br /><br />Na calada noite insone, afloraste.<br />O poema primeiro que me mandaste, <br />lá estava inteiro, belo, tão suave...<br />Como terno arrulho de doce ave!<br /><br />Em a minha enternecida memória<br />lembro, havia certeza de glória<br />esperando pelo meu jovem bardo.<br />- Que te fez a vida? Foi-te um fardo?<br /><br />Sufocou teu esplendoroso criar?<br />Fazias-me, as mãos, o peito apertar.<br />Um indomado coração saltava. <br /><br />Desenfreado galope! Magoava, <br />pam , pam . Romperia? Dava receios!<br />Éramos jovens, de sonhos tão cheios!<br /> *<br />Ias para outras plagas...<br />Voltarias!<br />Atravessarias penhas e fragas... <br />Prometeste.<br />Um dia voltaste; o mesmo não foste. <br />Não mais vieste, aos poucos... Foste!<br /> (Pensei assim.)<br /> *<br />Hoje chegaste e, nem sabes! <br />Nem eu sabia! Que dentro de mim,<br /> eu te escondia!<br />
<br />
Maria Luzia VillelaMaria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-40256211600618802252013-03-23T13:07:00.002-07:002013-03-24T08:34:07.009-07:00BORBOLETA DE TAFETÁ ou SOLIDARIEDADE DOS TRISTES<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsTEcb8OIOIO7mhwqDmCNAMCdGyQ0YE94AekFovnuC4m5bbQQ6OlAzJJ27AQtSM3ANDAGpynB8ZeyIwK2KdSrapxtkTwifE3PAAWZO7qJaO2qjDf5LyeraG-lQvHVRzHIO9IxjIqKOq0w/s1600/nica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsTEcb8OIOIO7mhwqDmCNAMCdGyQ0YE94AekFovnuC4m5bbQQ6OlAzJJ27AQtSM3ANDAGpynB8ZeyIwK2KdSrapxtkTwifE3PAAWZO7qJaO2qjDf5LyeraG-lQvHVRzHIO9IxjIqKOq0w/s1600/nica.jpg" /></a></div>
<strong><br /></strong>Nica amava as coisas bonitas.<br />
<br />
Meias a atraíam. Não havia ainda as de nailon. As de baixo custo eram de grosseira feitura em algodão. As de fio-de-Escócia eram mais delicadas, porém em beleza, ficavam longe das de seda natural. Seus olhinhos vivos discerniam o que era belo e bom. A mãe, tão pobre, só lhe comprava as de algodão. Feias! Sonhava com meias de seda, macias e brilhantes. <br />
<br />
Visitava algumas vezes a madrinha, parenta rica. Pediu-lhe, então, que lhe desse as meias de seda que desfiassem. Explicou que serviriam para brincar com a boneca que ganhara no Natal. Tendo obtido algumas, cortou-as, fez arremates e conseguiu belas soquetes de seda. A mãe se admirava das ideias e da precocidade de Nica para lidar com costura. Nem sabia ler! <br />
<br />
Ao entrar para o grupo escolar ganhou da madrinha não só uma bolsa para levar o material e lanche, como também um guarda-sol rosa, florido e belo! Com a costureira da vizinhança obteve um retalho de tafetá rosa e tendo dez reis na bolsinha de feltro, marchou resoluta para o pequeno bangalô amarelo onde uma placa de papelão, manuscrita, indicava: “Passa-se trou-trou” (arremate com furinhos). <br />
<br />
Lá se foi Nika de meias de seda, com o uniforme da escolar: a blusinha de algodão branquinho até brilhava, engomada com capricho pela mãe; impecável a saia marinho de pregas e no alto da cabeça, o laço de tafetá, durinho. Parecia uma grande borboleta assentada no cocuruto.<br />
<br />
O sol mal se levantara, mas se numa mão ia a bolsa escolar, na outra ia o guarda-sol, aberto, imprimindo-lhe reflexos róseos nas faces. <br />
<br />
Caminhava, espigada e serena, sabendo que pessoas voltavam cabeças para a olharem. Aquela figura chamava atenção no meio da criançada que ia para a escola de uniforme mal-passado, sandália ou chinelo bem surrados. Nica parecia saída de um quadro a óleo suavemente colorido. <br />
<br />
A “ricaça” metida, também abalou a menina de blusa encardida, de carapinha alvoroçada, que novinha, no segundo ano de escola, já precisava ganhar a vida cuidando de crianças menores. Aquela visão de luxo e cores feriu seu senso de justiça. Mesmo sem saber o que a movia avançou, arrebatou o guarda-sol de Nica, jogando-o no chão e antes de qualquer reação arrancou-lhe o rico laçarote e pisou-o. <br />
<br />
Gargalhadas aplaudiram a agressora.<br />
<br />
Não houve reação. Nica, perplexa, indagava o por quê e chorava. As lágrimas abrandaram alguns corações. Duas meninas recolheram o guarda-sol e o laço e os deram para Nica.<br />
<br />
- Chora não! É só lavar, fica tudo novo! Quer ser nossa amiga? Como você se chama? <br />
Nica maravilhou-se. Viu a flor do lodo, viu rosa entre espinhos, viu o sol entre nuvens... Sorriu entre lágrimas !<br />
<br />
<br />
Por Maria Luzia Martins Villela<strong></strong>Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-63103566762679752322013-03-23T13:05:00.001-07:002013-03-23T13:05:05.747-07:00TUAS MÃOS<strong><br /></strong> À minha mãe Paula Martins Reis<br /><br /> Em minha mão eu vejo a tua,<br /> como num lago <br /> se vê a lua.<br /> O mesmo gesto,<br /> o mesmo afago,<br /> - como no teu ontem- <br /> hoje trago.<br /><br /> Em minhas mãos acordo tua lembrança.<br /> Nos meus gestos repetidos és tu, não eu!<br /> Tu agias, fada aos meus olhos de criança!<br /> Eu via... na memória tudo se escondeu...<br /><br /> Para num cascatear vigoroso,<br /> borbulhado do inconsciente,<br /> repetir cada ato amoroso<br /> doando a outra geração, <br /> um algo de tua mão. <br /><br /> Como tinhas... Tenho eu: <br /> veias azuladas, rios encarcerados,<br /> a substituir o cetim de outrora,<br /> na geografia dos dorsos engelhados.<br /> Mãe, que saudade eu sinto, hoje, agora!<br /><br /> Maria Luzia Martins Villela Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-60075546626306048502013-03-23T13:02:00.002-07:002013-03-23T13:02:41.316-07:00VISITA À VELHA SENHORA- É esta a fotografia de meu enlace!<br /> Leia, leia! Poemas? Recebi diversos...<br /> Meus olhos perquiridores <br /> buscavam, naquela face,<br /> a beleza decantada nos versos<br /> de seus passados amores...<br /> E eu buscava...<br /> Olhos pintalgados de estrelas?<br /> Porfiava por vê-las,<br /> Não as achava. <br /> Cinzas...<br /> Lábios polpudos, tentadores, <br /> boca de melindrosa?<br /> Hoje uma linha, bordejada de fendas.<br /> Ela, ainda vaidosa,<br /> ajeitava a farta gola de rendas,<br /> primorosa!<br /> Co’as mãos de unhas que eram prendas<br /> cor de rosa. <br /> E eu, ali pensando: viço e beleza, são lendas!<br /> Vida enganosa.... <br />
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autoria - Maria Luzia VillelaMaria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-315936996642479632013-03-23T13:01:00.001-07:002013-03-23T13:01:20.109-07:00CARTEIRA DA SAUDADESaco de minha algibeira<br /> uma velha e gasta carteira,<br /> tão cheia de retratos,<br /> registros de atos e fatos.<br /><br />Saco da algibeira meu passado...<br />Ali estou eu no banco da praça, <br />com um irmão de cada lado, <br />o braço de um ao outro enlaça. <br /><br />Sei que despendo esforços vãos,<br />querendo falar-lhes de mim, <br />de como me lembro dos tempos bons. <br />Murmuro saudosa, mesmo assim, <br />sobre as brincadeiras sem fim,<br />sobre o repartir, defender, amar...<br /><br />Fico acariciando com o meu olhar <br />o brilho do olhar em retrato,<br />imutável,<br />disputando a luz com o sorriso <br />inalterável!<br />Um que está ali, já partiu... Soluço de mágoa.<br />Mudo a foto, com olhos rasos d’água.<br /><br />Agora nos vejo adolescentes, <br />abraçados entre parentes.<br />Lá estou de vestido reformado, <br />vaporoso, levemente engomado,<br />por minha irmã, de mãos de fada, <br />que certamente não desprezava <br />a boa e cara cassa importada.<br />Vejo mais gente que me foi tirada...<br /><br />Pego outro com mãos trêmulas, sentindo-me mal,<br />tanta saudade derrete a lembrança em água e sal!<br />Guardo tudo. Rápida, guardo a sombra do passado<br />O presente clama, urge, exige, não admite rival...<br /><br /><strong><br /></strong>Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2581949625103415509.post-91887430919445578702013-03-23T12:17:00.000-07:002013-03-23T13:06:07.256-07:00ELA É PODEROSA<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"></b> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>M. Luzia Villela</div>
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<br /></div>
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Para muitos é poderosíssima. Tratam-na com respeito, admiração e até mesmo com amor. Para outros é manipulada pelos homens que vivem do engodar as massas. Argumentam: diz uma coisa aqui, diz outra- oposta- ali!</div>
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Verdade é sempre uma verdade, mas pode ter faces diferentes. O leite materno é o melhor dos alimentos, deve ser o único. Para os bebês, lógico, para adultos é inadequado. Uma verdade e duas faces argumentam os defensores dela.</div>
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Enfim, Ela tem apaixonados, entusiastas defensores e os seus detratores. Cada um tem a liberdade de se posicionar.</div>
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Você, leitor sagaz, já percebeu que não estamos falando da Ângela Merckel, nem da Hillary Clinton, nem da Dilma, mas da ...</div>
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Pois é, você acertou, muito esperto percebeu que estou falando da palavra de Deus, contida na Bíblia.. </div>
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Eu me posiciono. É fantástica! Sem ser livro científico anda de mãos dadas com a ciência. Comprove-se em vários trechos.</div>
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Milhares de anos atrás, não havendo teste de carbono para fixar a idade de fósseis, nem métodos estratigráficos, nem teoria de Big Bang, ela, escrita pela mão de Moisés, diz que: no princípio Deus criou os céus e a terra e que havia água na face do abismo. A teoria moderna diz que tudo que existe estava aglomerado e a gravidade era tamanha que acabou por causar uma explosão. Será que foi na hora <personname productid="em que Deus" w:st="on">em que Deus</personname> disse: “Haja Luz”? Sendo o sentido Luz = explosão = claridade = dia? E trevas = escuridão = noite? A dificuldade está nas passagens de língua para língua (traduções e versões e <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>copistas podem colocar opiniões pessoais; bem como deslocar trechos de um lugar para outro); dificuldades existem até dentro de uma só língua. Falamos atualmente em dia = período de 24 horas, mas dizemos dia para o período de luz de 12 h! Uma palavra - duas horas diferente! Mas a seqüência da criação obedece ao que os cientistas atualmente dizem: havia um só oceano: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o Pantalassa</b> e um só continente (Rodínia?) <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pangéa</b> que depois se dividiu; e a Bíblia conta que Deus disse: “Ajuntem-se as águas... <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">num só lugar</b> e apareça <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a porção</b> seca”! Ao que os cientistas chamam de Eras Geológicas da Terra a descrição da criação está consoante: no início não havia nada = Era Arqueozóica (unicelulares); depois Deus ordena à terra: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">produza</b> relva(?)...(Gn1. 11) Era Proterozóica. Ordena depois: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">produza a Terra árvores</b>... <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">produzam as águas</b> enxames de seres viventes... Era Paleozóica; e depois a Bíblia diz que surgiram os grandes animais da água e das terras “os seres viventes que se arrastam” ou seja os grandes sauros da era Mesozóica (Gn1.21) e mais: Deus determina a multiplicação das aves; após Deus ordena: “Produza a Terra... animais domésticos, reptis, e animais selvagens” (Gn <metricconverter productid="1.24 a" w:st="on">1.24 a</metricconverter> 26) e disse “Façamos o homem à nossa imagem...e semelhança” Era Cenozóica.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Estão vendo? Quem ensinou Moisés que houve essa seqüência? Sem teste de carbono 14, sem métodos estratigráficos! Só mesmo inspiração divina. Há mais para mostrar como ela é fantástica.<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
Maria Luzia Martins Villelahttp://www.blogger.com/profile/11605501874015769770noreply@blogger.com0