sábado, 23 de março de 2013

TUAS MÃOS


                           À minha mãe Paula Martins Reis

Em minha mão eu vejo a tua,
como num lago
se vê a lua.
O mesmo gesto,
o mesmo afago,
- como no teu ontem-
hoje trago.

Em minhas mãos acordo tua lembrança.
Nos meus gestos repetidos és tu, não eu!
Tu agias, fada aos meus olhos de criança!
Eu via... na memória tudo se escondeu...

Para num cascatear vigoroso,
borbulhado do inconsciente,
repetir cada ato amoroso
doando a outra geração,
um algo de tua mão.

Como tinhas... Tenho eu:
veias azuladas, rios encarcerados,
a substituir o cetim de outrora,
na geografia dos dorsos engelhados.
Mãe, que saudade eu sinto, hoje, agora!

Maria Luzia Martins Villela

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